Anadir, meu pai, foi um homem dotado por Deus de inteligência.
Não cursou nenhuma faculdade, mas na vida sempre foi doutor.
Muito bem informado, ao longo de sua vida foi acumulando muito conhecimento, em todas as áreas do saber.
Música, artes, ciência, esportes, agronomia, pecuária, economia, política, filosofia, psicologia, e tantos outros assuntos, sempre foram objeto de seu aguçado interesse.
Gostava de assistir ao noticiário televisivo. Assistia, sem preconceito, a todos os canais de TV.
Inclusive, não gostava de ser incomodado ou de ter sua atenção distraída durante os telejornais.
Os horários dos telejornais eram sagrados para ele.
Houve uma época, que ele dissecava os jornais escritos Folha de Londrina, Folha de São Paulo, Gazeta do Povo, e tantos outros que viessem às suas mãos.
Muitas vezes, destacava com caneta algum texto de seu interesse para compartilhar com a família.
De algum tempo para cá, no entanto, aos poucos seu Anadir foi perdendo o gosto pela informação, pelo noticioso diário.
Dizia que não tinha estômago de avestruz para digerir tanta notícia repugnante, intragável, deplorável, deprimente, negativa, derrotista, etc e tal, veiculada pela mídia sobre a Covid.
Sua sensibilidade, seu desejo de viver e aprender, sua necessidade de se alimentar de esperança, de buscar e encontrar sentido na vida foram sendo agredidos, solapados.
A mídia negava lhe dar o bom que a vida tem para dar. Só lhe dava o mal.
Acho que, nesse momento, sem que percebessemos nós, sua família, ele já tinha sido infectado pela Covid, não a real, mas a virtual.
O desânimo, o medo, a falta de liberdade, o isolamento, a falta de algo positivo que os meios de comunicação poderiam lhe dar, essa mudança radical no estilo de vida, foram aos poucos minando a saúde de seu Anadir.
Sim, seu Anadir, meu querido pai, faleceu vítima da Covid.
Primeiro, foi infectado na alma pela mídia massacrante e dominadora, que nunca foi e jamais será a favor da vida, do ser humano. A mídia só existe em função do "make money".
Depois, já debilitado, foi infectado pelo vírus real, ele, que desde o início da pandemia do corona se viu privado de uma vida normal, respeitou os conselhos de isolamento, foi solidário com sua família e toda a sociedade.
Por ironia do destino, seu Anadir foi infectado dentro de um hospital, de onde saiu em um caixão lacrado.
Que país é esse ? Que mundo é esse?
Graças a Deus, não somos deste mundo. Aqui estamos de passagem, somos peregrinos em terra estrangeira.
Seu Anadir, meu pai, você não é, não foi nem jamais será um número nas estatísticas governamentais e jornalísticas sobre a Covid.
Você será, sempre, o HERÓI de seus filhos, netos, bisneto e demais familiares, o homem que se negou dominar pelo falso discurso dos homens sem alma, os magnatas do poder dos meios de comunicação.
Seu Anadir, Deus lhe deu inteligência e o senhor meu pai soube muito bem usá-la.
Deus tenha misericórdia de nossos pais, tenha misericórdia de nosso país.
Obrigado, Senhor!
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